domingo, 14 de setembro de 2014

CDZ: A Lenda do Santuário - Resenha e Impressões



Norteshopping, sexta-feira à noite. O programa prometia e a expectativa era grande: o filme mais aguardado pelos fãs nos últimos anos após a exibição de "O Prólogo do Céu" era, sim, a chance de contemporâneos ao desenho se reencontrarem com os personagens que marcaram a juventude. E podemos dizer que no conjunto da obra, foi um carrossel de emoções. Abaixo seguem algumas impressões e (atenção!!!) spoilers.



Gostaria de começar comentando sobre o som da película. Digo "o som" porque sinceramente não sei de quem foi a culpa, mas prometo em breve avaliar cirurgicamente este quesito e trazer a todos uma resposta definitiva. Sendo objetivo, a avaliação sobre este ponto foi muito negativa. E a razão é simples: quando você vai ao cinema, o mínimo que espera é um som espacial, surround, em alta definição e empolgante o suficiente para que você, espectador, viaje no clima da cena e do filme, do início ao fim. À exceção de pequenos detalhes como o barulho das armaduras em cada movimento dos personagens, foi exatamente isso que não vi durante todo o tempo! Uma gravíssima agressão à franquia e ao padrão de qualidade de todas as produções dos Cavaleiros do Zodíaco. A ausência de músicas-temas famosas e de efeitos de som sincronizados com as tradicionais entradas triunfais dos personagens principais podem ser sentidas logo nos primeiros momentos do filme, mas talvez não desagradem a maioria. No entanto, o baixo volume do som durante as batalhas e momentos decisivos do filme frustram demais os presentes na sala e diminuem o encanto das cenas. Neste sentido, é difícil saber se a falha é da edição final do filme (incluindo mixagem e edição de som pós-dublagem) ou da aparelhagem do cinema. Para quem quiser tirar a dúvida, eis no início desta resenha a fonte original da crítica.

Adiante! E agora sobre a película em si.

Uma obra-prima em termos de visual. De fato, as armaduras ficaram impressionantes (principalmente as de ouro) e o esmero com o brilho, contraste, cores e sombras em cada cena é notório. Algumas felizes adaptações do enredo se deram muito bem com toda a qualidade que uma produção em CGI poderia oferecer: o maior exemplo disto foi no momento da apresentação do Santuário, que no filme não se situa mais na Grécia. O visual elaborado foi tão espetacular que arrancou interjeições da plateia. Ponto muito positivo para a criatividade dos produtores, sempre com um dedo de Masami Kurumada, autor original da série.

As batalhas são curtas e deveras objetivas demais. Tudo bem, não dá para esperar muito da proposta de condensar 1.500 minutos de saga em uma hora e meia, contudo mais uma vez é frustrante assistir batalhas épicas durando apenas 90 segundos. Hyoga vs. Camus de Aquário, por exemplo, não faz jus à grandeza do ocorrido na série original. Seiya vs. Aioria de Leão também não poderia durar como na saga original, mas até que recebeu mais instantes de atenção. Outras batalhas simplesmente não existem como Shiryu vs. Shura de Capricórnio e (pasmem!) Ikki vs. Shaka de Virgem. Portanto, não criem expectativas sobre como seria a representação gráfica dos golpes consagrados nesta batalha, como Ciclo das Seis Existências e Tesouro do Céu. Infelizmente...

O enredo... Na minha opinião, acertadamente foram adaptados o contexto local e temporal do Santuário, a breve mas não simplória explicação sobre a origem dos cavaleiros, a valorização da amizade e da persistência, a figura expiatória e amorosa de Athena, a luta contra o ego inflado de Saga e sua remissão final. Mas duas bolas foras deveriam ter sido banidas: uma palhaçada desnecessária com o Máscara da Morte quando da chegada dos cavaleiros de bronze na casa de Câncer -- que até me dá vergonha de descrever aqui -- e o surgimento de um Megazord infeliz no final do filme.


Em resumo, o filme chegou a me deixar com uma ponta de desapontamento, uma impressão de que poderia ter sido melhor, como foi imaginado durante a liberação dos teasers promocionais. Os primeiros 30 minutos são bem absorvidos, com alguns pontos altos entre efeitos e batalhas (particularmente, a entrada triunfal do Hyoga me fez aplaudir efusivamente, como uma criança!). Os 60 minutos seguintes pareciam como um legítimo filme estilo "Sessão da Tarde": uma água com açúcar acompanhada de biscoitos sem sal. O filme não é ruim, acredito inclusive que possa arrebanhar novos aficcionados à série. Mas acredito também que Seiya e seus amigos mereciam mais. Aliás, os fãs antigos mereciam muito mais.

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